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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Idolatria na Copa desvia atenção de questões sociais


Quinta, 13 de maio de 2010, 08h19  Atualizada às 08h51

Idolatria na Copa desvia atenção de questões sociais

AFP
Atenção do público pode ficar presa apenas às grandes construções 
da Copa, diz psicóloga
Atenção do público pode ficar presa apenas às grandes construções da Copa, diz psicóloga
Taeco Carignato
De São Paulo
O anúncio dos jogadores brasileiros para a Copa do Mundo sempre é acompanhado por ferozes críticas tanto de especialistas como dos populares. Afinal, trata-se do esporte nacional favorito que para o Brasil antes, durante e depois do evento. Para quem não conhece e não acompanha o futebol, nada a dizer. Mas a convocação de Dunga chama a atenção em um aspecto: dos 23 jogadores convocados apenas três trabalham no Brasil. O que significa isso? Somos o celeiro de jogadores? Exportador de craques? Exportador de trabalhadores? Trata-se de reconhecimento do mundo civilizado do nosso valor e potencial humano?
Nada disso. Há algo de podre no Reino da Dinamarca que a Copa do Mundo joga embaixo do tapete verde. Algo de podre que envolve o comércio de seres humanos, transações financeiras não esclarecidas ao grande público que paga para ver seus ídolos projetados no cenário internacional. Nada contra a Copa do Mundo. Nada contra o futebol. Pelo contrário, pois se trata de um esporte popular que dá oportunidades aos nossos humildes (antes de chegarem à fama) jogadores ganharem projeção internacional.
Esta chamada de atenção não pretende anuviar o brilho das estrelas e dos espetáculos do esporte nacional. Além disso, é um país africano que se responsabiliza pelo maior evento do futebol, coisa impensada há alguns anos tanto quanto ver um presidente negro nos Estados Unidos. Os olhos do mundo estarão voltados para aquele país, para Mandela, para o seu povo deslumbrante e suas riquezas culturais e naturais, multicoloridas pelo dom da natureza e pela produção humana.
Pensar é algo arriscado nessa época de idolatria nacional e de invocações patrióticas, de entusiasmos e frustrações das nossas torcidas, as tradicionais e as organizadas pelas circunstâncias. Mas vamos pensar no significado desse evento para a África e os africanos. Que os brasileiros se encantem não só com a sua arte no futebol, mas também com a África do Sul, com as demais nações do chamado "Continente Negro" e suas populações. Trata-se do berço da Humanidade e da Civilização.
Quando a mídia foca um evento do nível da Copa do Mundo e das Olimpíadas geralmente dirige suas lentes para as realizações e construções monumentais que acompanham a sua realização, como aconteceu com a China nas últimas Olimpíadas. Vamos esperar que sejam focados não só as construções monumentais e os ricos parques ecológicos, mas também as realizações dos povos africanos em todos os sentidos, sua diversidade étnica, suas múltiplas linguagens e manifestações artístico-culturais. Sem esquecer dos dramas de sobrevivência e dos apelos para a paz e desenvolvimento desses mesmos povos, envolvidos em lutas fratricidas causadas pelas disputas de recursos naturais pelas grandes potências, pelos cortes territoriais que dividiram e separaram as comunidades lingüísticas e culturais bem como os habitatsnaturais e desterritorializaram seus habitantes.
Que a Copa do Mundo possibilite novas lições sobre a África e os Africanos.

Taeco Toma Carignato é psicóloga, psicanalista e jornalista. Doutora em psicologia social (PUC-SP) e pós-doutora em psicologia clínica (USP), é pesquisadora do Laboratório Psicanálise e Sociedade (USP) e do Núcleo de Pesquisa: Violência e Sujeito (PUC-SP).

Fale com Taeco Toma Carignato: taecotoma@terra.com.br 
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